sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A complexidade de um relacionamento – começo e fim.


(I)

É tão difícil tomar uma decisão pra sair da vida de uma pessoa. Arrancar todos os laços que estão unidos para depois seguir traçando outros passos, como se nada tivesse acontecido ou se como a pessoa nunca tivesse passado pela sua vida.
O ‘desapego’ assusta, principalmente quando um elo foi formado com amor, carinho, respeito e companheirismo. É uma escolha difícil desatar os nós que uniram duas pessoas por um tempo. Não é algo que fechamos os olhos e contamos até 3 e abrimos, e o sentimento desaparece. Requer tempo, dor e persistência pra querer tirar tudo isso de você. São apenas algumas horas se esgoelando sob o travesseiro, mas depois a gente acaba pegando no sono e toda aquela angustia passa. De dia parece estar tudo bem, às vezes nem nos lembramos de como a noite foi ruim, mas é só escurecer e dar a hora de dormir que pronto... Vem tudo a tona. Parece que vai explodir, mas não explode. Parece que você não vai aguentar, mas você aguenta. Dói tanto que parece que vamos morrer, mas não morremos. Nessas horas a gente esquece que é só uma fase, que depois de alguns dias, ou para alguns, depois de algumas horas, toda essa dor some.
Quem em sã consciência se pudesse escolher, ficaria apaixonada(o)? Para! É um sofrimento continuo você fica ali vidrada no seu celular esperando algum torpedo ou alguma ligação, e se desaponta quando o celular toca e não é a pessoa. Você fica com medo de falar ou fazer algo de errado, fica aquela neura se vocês vão sair de novo, se vão ficar juntos, se ele vai falar com você pelas redes. Fora a angustia que temos de graça quando levamos um chute na bunda. Ai ficamos com aquilo na cabeça nos perguntando o que fizemos de errado, em qual parte erramos. Da rejeição por exemplo, o cara que te deixou se interessou por outra não por você estar gorda, não porque  você não prestava. A chance da pessoa ser rejeitada por causa dela é um egocentrismo. É um mecanismo arcaico de culpa, que é uma bobagem! A gente não tem esse poder. A pessoa se interessou por outras coisas, se for pra não dar certo, não vai dar certo, vai acabar no tempo que tiver que acabar, pois é assim que funciona.  Achamos que vamos encontrar alguém que vai nos completar, que não vá atrapalhar a nossa vida, mas isso não existe.Relacionamento é um trabalho como uma carreira, é uma dedicação como o trabalho. A gente se dedica, pensa na pessoa, entra na pedagogia de explicar pra pessoa como você gosta das coisas e teimamos em falar pra pessoa ‘ eu queria que você fizesse as coisas como eu quero, mas você não faz’.  É natural do ser humano ser teimoso, ser egoísta, pensar que o mundo gira em torno de nós. Atrapalha imaginar que aquilo que deu errado fui eu que causei de alguma maneira. É triste porque a gente não é nada, e é libertador por você não poder fazer nada. Então a gente pode fazer o que quiser da nossa vida?!
É fácil amar o outro na semana enquanto não se tem nada pra fazer, quando ficamos carentes por não ter lugar pra ir ou quando os amigos não chamam pra nada.  É fácil amar alguém quando ela só aparece nos finais de semana, em alguma mesa de bar, quando o papo é gostoso, as risadas são longas, e o chope ta no ponto. É fácil amar só de vez em quando, quando se tem vontade e tem prazo pra sentir.
Difícil é amar quando o outro cai, quando há desconfianças. Quando tudo é interpretado de forma errada. Quando os erros paralisam, quando nos fazemos de vitima. Quando tudo perde o charme e vem a sensação de prazo vencido. Esgotado. É difícil amar quando o outro parece estar diferente ou quando se mostra mais parecido com alguém que não aceitamos que seja.
Difícil é ficar ao lado quando parece que não tem mais ninguém por perto, quando só tem um ao outro. Quando há um pedido de ajuda que nos faz sair do nosso egoísmo, da nossa paz, aquele pedido que nos força a nos deixar de lado e a cuidar de quem precisa. Que nos faz sair do nosso faz de conta que ta tudo bem e nos faz caminhar junto de novo em busca de uma solução. É difícil amar quando não se está amando, ou quando achamos que não estamos. É difícil amar na dúvida, porque ela nos corroí, nos destrói, nos deixa no chão. E é difícil sermos nós quando estamos naquela fase de mágoas. É difícil acreditar que tudo vai dar certo de novo, que um relacionamento vai ficar gostoso. E eu não acredito que exista botões, Chaves, segredos ou qualquer coisa que faça a dor passar rápido. Mas eu acredito no tempo, na vontade de querer que tudo fique bem, na sede da transformação, no gesto aliado a vontade, a paciência, e especialmente e mais importante: acredito no amor, no amor que recebemos, que nos damos e o que entregamos. Nas temporadas difíceis, quando é amor, não existi a palavra ‘desistir’. Porque não existe pessoas certas e sim aquelas que lutam pra dar certo independente de qualquer coisa ou circunstância. Independente de ser fácil ou difícil, porque o amor (próprio ou compartilhado) é capaz de tudo! 

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